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domingo, 7 de junho de 2009

Philosophy in the flesh : the embodied mind and its challenge to western thought, New YorK Autores:LAKOFF, George, JOHNSON, Mark,




As reflexões que a obra traz, que são classificadas pelos próprios autores como um desafio a filosofia ocidental, partem da estrutura oferecida pela exposição de três idéias principais, a saber: a mente é inerentemente embodied; o pensamento é predominantemente inconsciente; conceitos abstratos são em grande parte metafóricos.

Dizer que a mente é embodied não é simplesmente dizer que é um fenômeno corporal. O corpo, a partir deste entendimento, é mais que o lugar onde a mente ocorre: o corpo e suas capacidades sensoriomotoras estruturam a mente, na medida em que determinam a nossa capacidade de conceituar e a forma em que conceituamos.

Dessa maneira, não se pode falar na razão como uma faculdade autônoma e independente do corpo e suas habilidades de percepção, movimento e emoção. O ser humano pensa e raciocina da forma que o faz porque tem o corpo que tem e por causa das coisas que esse corpo faz.

Os autores chamam de inconsciente cognitivo o conjunto de mecanismos cognitivos acima do nível neural, os quais têm complexidade o suficiente para serem caracterizados como conhecimento ou pensamento, mas aos quais não temos acesso consciente.

Convenciona-se dizer que 95% do pensamento se dá ao nível do inconsciente cognitivo, ou por serem processos cognitivos muito velozes para serem focalizados pela consciência, ou por não ser interessante ou necessário para adaptação eficiente do organismo ao meio que sejam assim focalizados.

A terceira idéia aponta na metáfora a ferramenta intelectual central do corpo. Metáfora não está aqui entendida como figura de linguagem, definida desde os tempos de Aristóteles, como uma maneira de dizer uma coisa por meio de outra coisa, seja por objetivos de poética, retórica ou mesmo de falsear a verdade.

Metáfora aqui aponta para a evidência neural de que conceitos em um domínio de subjetividade estão vinculados e têm sua origem em um outro domínio de experiência sensoriomotora. Os autores demonstram que sem este “recurso”, a maior parte de nossa capacidade de pensamento abstrato não se sustenta.

Se alguns conceitos abstratos ainda podem ser pobremente aludidos sem as metáforas, outros são constitutivamente metafóricos, ou seja, não existem senão com a natureza que têm de metáforas com raízes em domínios cognitivos sensoriomotores. Assim, não valeria a regra aristotélica de dizer uma coisa que poderia ser dita a sua maneira, por outra forma de dizer que seria a “metafórica”.

Ainda, as metáforas não se limitam a ser uma maneira de conceituar num nível mais abstrato que o do sensoriomotor. Elas permitem a transferência de inferências de um domínio para o outro. Os autores apontam que está é a propriedade mais saliente das metáforas conceituais: a preservação das inferências.

O desafio ao pensamento ocidental surge porque, a partir deste quadro, a Verdade é entendida como mediada pelo corpo, e portanto não pode ser alcançada por uma filosofia a priori .

O que entendemos e podemos entender sobre o mundo é condicionado pelos corpos que temos, por nossa habilidade de manipular objetos, pela estrutura de nossos cérebros, pela cultura e nossas interações com ambiente, etc.

Isto não estaria na linha de um relativismo ou subjetivismo radical, na medida em que é apoiado pelos conhecimentos científicos em constante avanço sobre o cérebro, os quais buscam mapear com rigor o seu funcionamento em relação ao ambiente “objetivo” em que o corpo está inserido.

É desta maneira que os autores defendem uma Filosofia Empiricamente Responsável, uma que leve em conta as descobertas empíricas apoiadas pelas mais amplas evidências convergentes sobre a mente e a linguagem.

RESUMO-Hugo Leonardo

Doutorando em Artes Cênicas e Mestre em dança pela Universidade Federal da Bahia. Dançarino do Grupo X de Improvisação em Dança. Coordenador do Projeto EmComTato - Prática e Pesquisa em Contato Improvisação e Performance.

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